OBS: Logo e opening em breve. Fiz outro tópico para ficar mais organizado.
Capítulo 1
Hikari
Inverno em Akihabara. Todas as empregadas vestiam uniformes de mangas compridas e com uma legging (calça colada ao corpo) por baixo do vestido que cobria os pés. As pobres cozinheiras sofriam por ter contato com a água freqüentemente, ainda mais as que lavavam a louça.
- Nossa! Todas estão muuito lentas! Só falta hibernarem! – Xuwang estava sempre alegre, contando suas vantagens à Dark Angel e Lucia. D.A. normalmente iria corrigiria a amiga, mas parecia estar sonhando. Tinha um sorriso estampado em seu rosto sempre.
Lucia ria muito.
- Já que você não vai corrigir a Xu-chan, D.A., eu mesma faço isso!
- Ah, gomen, eu estava distraída...
- Vai ver ela está apaixonada, né, Xu?
- Apaixonada por uma chave e um broche...
Dark Angel tinha ganhado um broche de Mitsumune que estava escrito “Guardiã das esferas”, em ouro. Gostava de esfregá-lo todos os dias, mantendo o brilho reluzente. A chave e o broche, os únicos objetos em que D.A. realmente dava valor, pois não era muito materialista. Pelo contrário, sempre foi humilde e gentil.
Afastou-se das amigas por um tempo, até que ouviu o anúncio de Mitsumune pelas caixas de som:
- Por favor, todas as empregadas, vão ao átrio!
Tentou correr o máximo que pôde, para manter a imagem de boa empregada. Tinha se tornado muito mais popular do que antes. A antiga Dark Angel tímida sumiu do mapa.
- Ohayo, Hajimoto-sama!
- Ohayo!
Foi sentar-se na frente, lugar reservado para as moderadoras. Pouco depois, chegaram Lucia, Liv e Hanyuu, para sentar perto dela.
- Ohayo, Hanyuu-chan! Mas... Estas cadeiras não são somente para moderadoras?
- Ohayo, D.A. Sakkie me contou ontem que eu ia ser da equipe de vocês...
- Que legal! Mas não devia dar um tratamento melhor para a Higuchi-sama?
- Eu não! Sou alguém superior a ela... Veja, ela tem até um broche dizendo “serva da Hanyuu”.
- Ah... Soka...
Quando todas as empregadas se sentaram, Mitsumune começou. Hanyuu olhou para trás e viu Pietra sorrindo para ela.
- Bom-dia, empregadas de Maidland! Espero que estejam bem agasalhadas, porque este inverno vai ser algo agitado para nós!
Todas lamentaram, aí começou a discussão. Umas cochichavam para as outras, as mais atrevidas vaiavam, e outras olhavam para trás.
Suiseiseki se segurava para não gritar. Estava muito nervosa com os gritos, talvez até mais que Koneko, mas decidiu ir para debaixo da mesa para não cair em tentação.
- Esse microfone me persegue ~desu...
Koneko percebeu toda a agonia de Suiseiseki, foi para debaixo da mesa, sorrindo, e respondeu:
- Ne, Sui-sama, se guiser pode gritar, eu tampo as orelhas ~nya!
- Não precisa, eu posso falar normalmente com o microfone... Mas mesmo assim, sugiro que faça isso, Koneko-chan ~desu!
Suiseiseki segurou o microfone, e disse, calmamente, mas sua primeira palavra calou todo mundo:
- Pessoal, acho que vocês precisam ser mais compreensivos fazendo silêncio e prestando atenção... Nossa amiga, Koneko-chan, tem as orelhas sensíveis, colaborem ~desu.
- Arigatou, Sui-sama! Nyaaa! – as duas se abraçaram, e Mitsumune continuou.
- Precisamos manter a calma... Será um inverno agitado porque o patrão irá voltar!
Todas bateram palmas. Sakkie fez um sinal para a governanta principal, pigarreou e continuou a falar:
- E o patrão irá finalmente fazer novas esferas! Ele disse que seu outono em Barcelona, na Espanha, foi ótimo, mas já estava com saudades do Japão. Disse também que irá contratar um guarda-costas para sua filha, Hikari.
As empregadas bateram palmas e uma linda menina loira de olhos azuis e tristes entrou. Olhava com indiferença para todas aquelas empregadas. Sentiram que ela não gostou da recepção, então pararam. Perceberam que ela usava somente coisas brancas, cheias de babados, rendas e fitilhos. Ao seu lado, estava a sua mãe, com a aparência parecida, mas vestia roupas casuais e parecia mais alegre.
- Kari-chan... Sorria para as empregadas. Elas são suas – a mãe cochichava. Sakkie ouviu tudo e ficou muito incomodada com a palavra “suas”, mas decidiu fingir alegria.
- Se são minhas... – a filha parou e começou a raciocinar – ONDE PENSAM QUE ESTÃO, SUAS MARIAS MIJONAS? VÃO LIMPAR!!
A mãe sentia-se constrangida, mas preferiu não falar nada. Sakkie, que era sempre alegre e animada, sentiu-se extremamente incomodada e cochichou para a mãe:
- Se você não vai educar sua filha, educo eu... – ela ajoelhou e deu um tapa no traseiro da garota, que chorou.
- Okaa-san! Okaa-san! – Hikari sacolejava as pernas de sua mãe, imóvel.
- Kari-chan... Saiba que o que você fez para as maids foi algo horrível! Nós não somos suas propriedades, apesar de termos que obedecer à sua família. Trate-nos com carinho que receberá carinho. Ok?
- E-eu... – a menina deu um soco no rosto de Sakkie, que se levantou bruscamente.
- Ah é, é? Olha aqui, sua pirralha mimada, se não aprende por bem, aprende por mal! Eu não bati em você no rosto, e nem para ferir, foi para educar!
- Controle-se, Higuchi... – Mitsumune puxou a governanta e tentou segura-la.
- Me desculpe Melina-sama, mas eu sinceramente não consigo acreditar! Passaram-se meses e sua filha ainda nos maltrata! Não devia dizer que nós somos dela, como foi agora há pouco!
A mãe corava muito, mas decidiu arriscar:
- Peça desculpas à Hikari ou demito-te, Sakkie.
- Ah... Gomen, Kari-chan.
- Como sou uma menina meiga e delicada, ao contrário de você, vou te desculpar. Mas sinto que sua desculpa não foi sincera, para falar a verdade.
- Ora, vamos, Kari-chan, devemos perdoar as sem-teto – a mãe e a filha riam, saindo do salão.
- Cabisbaixa e triste, a garota pegou um microfone e anunciou, se segurando para não chorar:
- Saiam do átrio.
Depois que todas saíram, permaneceram as governantas e moderadoras lá dentro. Todas olhavam para Sakkie, que não se conteve e chorou muito.
- Olha, Sakkie, você não...
- PAREM COM ISSO! – Sakkie chorava descontrolada. – Ah, gomen... Eu estou cansada e de mau-humor. Por favor, me deixem sozinha. Qualquer coisa, a Koneko onee-san pode ajudar vocês.
A governanta saiu correndo, tentando se esquecer do que fez, e provavelmente do que iria fazer. Era como estivesse fugindo de si mesma.
- Só não entendi uma coisa ~desu... Por que a Sakkie preferiu não contar para a gente?
- Eu entendi perfeitamente... – Koneko limpava as lágrimas. – Posso contar?
- Deve – Mitsumune respondeu, fria.
- Acho melhor irmos para a Sala Trancada, afinal... É algo muito triste para contar aqui.
Assim, Mitsumune, Suiseiseki e Koneko foram até a Sala Trancada. Lá dentro, todas se sentaram à mesa onde discutiam o que iria ser da mansão e suas empregadas.
“A família Higuchi sempre foi um tanto fascinada por crianças que eram meio-gato. Não sabiam como as crianças tinham aquelas orelhas e o rabo. Então, minha okaa-san, Umiko, comprou um gato e passou a cuidar dele como se fosse um filho. Só que o gato vivia muito em terrenos baldios, convivendo com outros gatos, e tornou-se um portador da Síndrome do Gato. Então, quando a okaa-san ficou grávida, ela pegou a doença, então eu nasci assim... Ela ficou feliz, e nem ligou para os maus sintomas. Eu fui um bebê que apresentava risco de vida para a mãe! Então, okaa-san teve a Sakkie, mas não gostou dela porque ela era... Normal. Normal demais. E nosso dinheiro andava curto, não dava para sustentar duas crianças. Então resolveram se desfazer de Sakkie num orfanato. Chorei e implorei para que minha mãe não fizesse isso, ela foi um tanto cruel em fazer isso só por causa da aparência normal da nee-san. Então Sakkie resolveu vir para cá, e de vez em quando ela continua os estudos. Quando soube que a nee-san veio para Maidland, resolvi vir também, então pude ser Governanta como ela.”
- Que história mais triste ~desu... – as três choravam, Koneko principalmente. Se lembrar do que sofreu e fez a mãe sofrer, por causa de sua doença, era algo horrível.
- Por isso que Hikari e Melina-sama riram?
- Sim... Elas sabem que nee-san foi abandonada, e que eu nasci com certo problema....
- Acho que as duas estão muito estranhas, não eram tão... Chatas ~desu.
Ouviram alguém destrancando a porta.
- Shh!! – Mitsumune calou-as. – mudem de assunto.
Melina abriu a porta, e lá estava acompanhada de Hikari. Koneko inventou um assunto qualquer e começou a dizer:
-... Então eu falei: “Que vestido maravilhoso!” para ela, que estranhou. A Sakkie não é muito autoconfiante, será meu dever melhorar isso na nee-san!
- Soka ~desu...
- Não sejam idiotas! – Hikari estava demonstrando o quanto era mimada. – Vocês mudaram de assunto, eu sei, okaa-san! Eu ouvi tudo, Mitsu-chan falou...
- Filha, não chama a Hajimoto-san de Mitsu-chan... Ela é mais velha que você, é uma falta de respeito.
- OKAA-SAN! OKAA-SAN! – a menina sacudia as pernas da mãe. – O que aconteceu contigo? Antes me apoiava, agora...
Hikari começou a chorar. Não pareciam lágrimas verdadeiras, mas a mãe se comoveu.
- MANDE ESTAS IDIOTAS LIMPAREM! – ela chorava mais e mais. Melina deu um abraço caloroso na filha e fez uma expressão para que as empregadas se retirassem. Koneko se escondia de vergonha, Mitsumune ficou chateada por ter sido tratada assim, e Suiseiseki estava prestes a estourar, assim como Sakkie.
- Retire o que disse, sua chibi ~desu – disse ela, calma.
- Chibi? Okaa-san, ela me chamou de chibi!
- Por que chibi?
- Retire o que disse agora... Peça desculpas à mim, à Hajimoto-sama e principalmente às irmãs Higuchi!
- Iie... Recuso-me plenamente a fazer isso, você também me ofendeu chamando de chibi, sua “desuzinha”! OKAA-SAN! – Hikari gritava e sacolejava a mãe, esperando uma bronca nas empregadas.
- Você está com sono, filhinha – disse Melina, acariciando a filha.
- Kari-chan, você não passa de uma chibi-chibi mimada ~desu. Fruto de uma má criação entre seus pais, eu tenho pena de você... Voltou da Espanha cheia de maus hábitos, e agora que sente-se sozinha sem os mimos, desconta nas empregadas... Peça desculpas ~desu.
A mãe e a filha ficaram caladas, como se estivessem com vergonha. Saíram da sala. Mitsumune e Koneko olharam para Suiseiseki como se estivessem agradecendo. E saíram da Sala Trancada, precisavam contar tudo para Sakkie.